Wednesday, June 4, 2008

Que futuro para o Parque da Bela Vista? (*)

A propósito do ‘Rock-in-Rio’ (RinR) convém recordar que o Parque da Bela Vista (PBV) nasceu nos anos 90 e da vontade da CML em reconverter uma antiga quinta agrícola em parque urbano, pressupondo “uma qualificação ambiental e paisagística da zona e o reequilíbrio da estrutura verde de Lisboa”. Assim foi até 2004, apesar dos engulhos e vicissitudes: o campo de golfe e as rodovias que segmentam o Parque, o atraso na ampliação a Sul, etc. Aí, porque a forma de anfiteatro natural do PBV dava um bom recinto de espectáculos, Santana Lopes resolveu trazer a 1ª edição RinR. Decisão discutível, para mais tomada sem a indispensável consulta pública. Depois, o RinR 2006 e o ‘Creamfields’ 2007.

Ora, goste-se ou não de concertos, é inadmissível que eles se realizem no PBV e não num parque temático criado de raiz. Os espanhóis fizeram-no em Arganda del Rey. Porque nos mantemos no ‘pelotão de trás’? Isso e a manifesta tibieza da CML para com o cumprimento dos protocolos com o organizador do RinR (do festival ‘Creamfields’ ignora-se qualquer protocolo): onde está o sistema de vigilância do PBV? A nova vedação? Já retiraram o alcatrão da zona do palco central? E a Qtª do Pombeiro, quando será um espaço social? Taxas municipais? nem vê-las. Anuncia a CML que a contrapartida de 2008 será uma ponte; por acaso com publicidade ao organizador! Haverá outro RinR em 2010, segundo diz o actual Vereador dos Espaços Verdes, novamente sem o discutir publicamente. Em Setembro virá Madonna…

No Outono passado, a CML resolveu declarar, apressadamente (porque em compita com Oeiras) e mais uma vez sem debater com os cidadãos, que o novo Instituto Português de Oncologia irá para a zona sul do Parque, ‘roubando’ cerca de 8ha classificados como verdes no PDM. Mas que não nos preocupemos, pois serão criadas zonas verdes!

Que futuro para o Parque da Bela Vista?


(*) In Revista Focus

Tuesday, June 3, 2008

A propósito da realização do Rock in Rio 2008 no Parque da Bela Vista

O Parque da Bela Vista, na Freguesia de Marvila, em Lisboa, resultado da reconversão de uma antiga quinta de cariz agrícola, foi aberto ao público em 1991, tendo em vista, segundo posição da própria Câmara Municipal de Lisboa, “a qualificação ambiental e paiagística desta área da cidade e o reequilíbrio da estrutura verde de Lisboa”.

Contudo, não foi esta a política seguida pela Câmara Municipal de Lisboa a partir de 2004, quando permitiu a realização do primeiro Rock-in-Rio. A partir daí sucederam-se os mega-espectáculos, numa sequência pré-defenida, sem consulta à população, o que seria democraticamente aconselhável, tudo acontecendo como se de um destino inexorável se tratasse.

Foi assim com os Rock-in-Rio 2004 e 2006, Creamfields 2007 e será agora com o Rock-in-Rio 2008, que deverá acontecer nos próximos dias 30 e 31 de Maio e 6,7 e 8 de Junho.

Tais espectáculos de “massas”, com um impacto brutal sobre ambientes naturais sensíveis não devem realizar-se em espaços verdes, mas sim em Parques temáticos criados de raíz para o efeito. É o que está a acontecer na nossa vizinha Espanha, país que tanto gostamos de usar como termo de comparação, onde, em Arganda del Rey, perto de Madrid, está a nascer a cidade do rock, para albergar o ”Rock in Rio-Madrid” 2008 e outros eventos musicais que, por certo, se lhe seguirão.

Acresce que da realização de tais espectáculos não advém nenhuma vantagem para a cidade, uma vez que a Câmara Municipal de Lisboa isenta os promotores do pagamento das taxas municipais devidas à obtenção das licenças indispensáveis e não têm sido cumpridas as contrapartidas a que estão obrigados pela assinatura dos protocolos com a Câmara Municipal de Lisboa.

É bom realçar que a promessa de um novo gradeamento, permeável à vista, para maior segurança de todos quantos usufruem do parque, nunca foi concretizada desde essa primeira edição. Apesar de representar uma parcela quase insignificante das taxas municipais, se estas tivessem sido cobradas.

Também a população da zona de Marvila, sujeita a um ruído intolerável durante a duração dos Festivais, que lhe impossibilita o descanso a que tem direito e se vê impedida do usufruto integral do Parque, nada lucra com tais eventos.

Conscientes dos factos apontados, e procurando em colaboração com a Câmara Municipal de Lisboa a salvaguarda do Parque da Bela Vista, como zona verde, dada a sua relevante importância para a população da cidade, foi criado, em Março de 2007, o denominado Observatório do Parque da Bela Vista, movimento cívico que engloba Associações ambientalistas e cidadãos em nome individual, que tem acompanhado atenta e activamente tudo o que ao referido Parque diz respeito.


Contudo, a colaboração entre a Câmara Municipal de Lisboa e o Observatório do Parque da Bela Vista que havia sido estreitada, com proveito para a cidade de Lisboa, quando em 2007, por altura da realização do Creamfields, foi nomeado um seu representante que, integrado na Comissão de Acompanhamento assistiu à montagem e desmontagem do Evento e elaborou um relatório, torna-se agora mais difícil dada a posição assumida pelo actual vereador do Ambiente e Espaços Verdes, que se recusa a reconhecer a nossa existência e portanto em dialogar cnnosco.

É com grande pena que registamos a atitude prepotente e agressiva do titular da actual vereaçâo, demonstrando um recuo muito preocupante no que respeita às relações entre o poder político e os cidadãos que o elegeram, tanto mais partindo de quem já foi um paladino da cidadania.

Não baixaremos, contudo, os braços, na nossa luta por uma Lisboa melhor para os lisboetas. Sabemos que os detentores dos cargos políticos têm uma vida efémera como tal. O Observatório da Bela Vista continuará.



João Pinto Soares

Uma só noite de Rock in Rio produz 14 toneladas de lixo

In Diário de Notícias (3/6/2008)
LICÍNIO LIMA

«Dia nasce no parque como se nada tivesse acontecido

"Isto, hoje, é uma brincadeira", diz- -nos Jorge Almeida, o responsável operacional da Câmara Municipal de Lisboa (CML) pela limpeza do parque da Bela Vista, onde decorre o Rock in Rio. Eram quase duas da manhã e o concerto Rod Stewart, no domingo, tinha terminado há pouco mais de uma hora. Todo o espaço em volta do Palco do Mundo, a tribuna principal, encontrava-se coberto de lixo. Mas, nem metade era comparado com o final do concerto de Amy Winhouse, na sexta-feira, em que foram recolhidas mais de 14 toneladas, observa o técnico municipal. (...)»

Monday, June 2, 2008

RiR: Costa, Sá Fernandes e o Corredor Verde...

O festival Rock in Rio regressa a Lisboa dentro de 727 dias, a 29 e 30 de Maio de 2010, foi hoje anunciado pela organização que garantiu as parcerias já tradicionais de empresas e também da Câmara de Lisboa.

António Costa, presidente da Câmara de Lisboa, anunciou que "a grande novidade do próximo Rock in Rio será a construção da ponte pedonal e para velocípedes que ligará o Parque da Bela Vista às Olaias".
Esta ponte permitirá a ligação a partir das Olaias à Alameda D. Afonso Henriques e desta a Monsanto através da avenida Duque de Ávila. "Um corredor verde", como lhe chamou António Costa, "que é mais uma concretização do Rock in Rio", enfatizou.
Referindo-se ao festival, que "é já um extraordinário sucesso", António Costa afirmou que é também uma forma de "internacionalizar Lisboa" e deu como exemplo a expansão do Rock in Rio para Madrid, onde este ano também se realiza.
Fonte da organização disse à Lusa que em 2010 o Rock in Rio decorrerá também em dois fins-de-semana, o primeiro em Maio , dias 29 e 30, e o segundo a começar sexta-feira, dia 04 de Junho.
O presidente do Rock in Rio, Roberto Medina, sublinhou hoje no seu discurso que "o astro é o cidadão". Referindo-se às parcerias comerciais Medina afirmou: "Dizem que o Rock in Rio é um grande centro comercial, com muito marketing, e é. Aqui o astro é o cidadão, também".
Entre os parceiros, pelo Millennium BCP falou Armando Vara, que sublinhou "a importância do Rock in Rio para a afirmação da marca Milleninium" e como se tornou numa "referência para a juventude e para as famílias".
João Mendes Dias da Vodafone, outro parceiro do festival, destacou o entendimento de objectivos nomeadamente "a aposta na inovação".
Os outros parceiros já tradicionais do Rock in Rio são o Grupo Renascença, a SIC, o portal Sapo, a Toyota, e a 7Up
Hoje encerra a primeira parte do Rock in Rio que volta a animar o Parque da Bela Vista no próximo fim-de-semana, dias 05 e 06 de Junho com nomes como os Metallica, Moonspell, Kaiser Chiefs, The Offspring e Linkin Park.
Sexta-feira, dia da abertura houve "casa cheia", como disse hoje a vice-presidente do Rock in Rio, Roberta Medina. Segundo dados da organização deram entrada mais de 90.000 pessoas. Amy Winehouse foi um dos nomes de cartaz responsável por esta afluência de público. Sábado, assistiram aos vários concertos 74.000 pessoas, e hoje, à hora da conferência de imprensa (18:30), a organização não dispunha ainda de estatíticas.
in Lusa (01-06-08)

Câmaras de Lisboa e de Loures avaliam novo espaço para receber a cidade do RockInRio

Público (1/6/2008)
Vítor Belanciano e Catarina Prelhaz


«Com a anunciada construção de uma unidade hospitalar na Bela Vista em 2012, a organização do festival já pensa em mudança. Parque das Nações é solução em cima da mesa


O festival Rock in Rio no Parque da Bela Vista tem os dias contados. Em causa está a instalação do Hospital de Todos-os-Santos nas imediações do recinto em 2012, processo que vai inviabilizar a construção da cidade do rock naquele local.
Embora já tenha garantido a edição de 2010, Lisboa poderá mesmo perder o festival de música para o município vizinho de Loures. O anúncio foi feito anteontem pelo presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, durante uma visita à terceira edição do Rock in Rio.
Confrontada com as afirmações de António Costa, a autarquia de Loures já confirmou que foram estabelecidos contactos entre autarcas para a organização do Rock in Rio, mas negou que tenha sido tomada qualquer decisão. Em cima da mesa está um terreno do Parque das Nações onde se realiza um outro festival de música, o Super Bock Super Rock.
"Já houve contactos ao nível dos vereadores, mas não está nada decidido", sublinhou fonte da Câmara de Loures. Por seu lado, o PCP de Lisboa também apresentou ao executivo uma proposta para que a autarquia venha a negociar a transferência da Feira Popular para o mesmo espaço junto ao Trancão.
O promotor do Rock in Rio, Roberto Medina, reiterou a intenção de construir de raiz um equipamento para o festival, mas admitiu que só pensará em mudanças depois de 6 de Junho, o último dia do evento. "Conheço bem Lisboa, mas ainda não pensei muito nisso. Há Monsanto, há a zona da Expo, várias hipóteses onde colocar essa infra-estrutura", sublinhou, citado pela agência Lusa.
Rock em toada lenta
Misto de parque temático, escaparate para marcas e entretenimento para toda a família, o Rock In Rio apostou este ano também na ecologia, assumindo a responsabilidade de compensar - ou reduzir - as emissões de CO2, através de medidas ambientais.
Mas o primeiro dia do festival acabaria por ficar marcado pela lotação esgotada no recinto. Um aglomerado de pessoas de tal forma numeroso, que as filas foram uma constante no final da tarde e, em especial, à noite. No recinto propriamente dito, apesar da generosa oferta de restauração, só quem se predispunha a passar um tempo considerável nas filas enormes é que conseguia petiscar. Também o acesso aos equipamentos de entretenimento não era fácil, principalmente para quem quisesse tentar a roda ou a pista de neve. Mas, apesar da demora, tudo decorreu sem incidentes.
Com tal multidão, também não foi fácil chegar ao Parque da Bela Vista. Quem optou pelo metro teve que lidar com alguns contratempos ao final da tarde. Na estação da Bela Vista, apesar dos protestos para que fossem abertas as portas laterais, a saída decorria um a um, com grande lentidão. Já depois do concerto de Lenny Kravitz ter encerrado as actuações do palco principal, e quando a maior parte do público abandonou o recinto, também se registaram grande enchentes nos transportes, com inevitáveis demoras. Com L.F.S.
A Brigada de Trânsito da GNR deteve 24 condutores nas principais vias de acesso a Lisboa durante a madrugada de ontem, sobretudo devido ao excesso de álcool (21). Dos 663 condutores testados entre as 3h e as 7h00, 77 apresentaram níveis de alcoolemia acima do permitido, números que a GNR não estranha. "São valores semelhantes aos de operações de rotina", admitiu o oficial de dia da BT, tenente Barreto. A operação Stop abrangeu o IC19, Auto-estrada Lisboa Cascais (A5), Auto-estrada do Norte (A1), Ponte Vasco da Gama e IC2. C.P. »

A questão é: qual dos dois estraga mais o parque, o RinR ou o IPO?